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O diretor do BEA, órgão francês que investiga as causas do acidente do voo 447, disse nesta sexta-feira (29) que vai ser criado um grupo de trabalho "fator humano" para entender as ações da tripulação nos últimos minutos do voo antes do acidente.
A informação foi dada em entrevista após a divulgação do terceiro relatório parcial sobre o acidente. O documento afirma, com base na análise de dados das caixas-pretas, que os pilotos cometeram uma série de erros.
Fatores psicológicos e até mesmo de ergometria das cadeiras dos pilotos e do cockpit serão estudados para entender o que levou a tripulação do AF 447 a tomar as decisões que, segundo o relatório, levaram à queda do avião, disse Troadec.
Sobre o fato de o comandante de bordo ter escolhido o copiloto mais jovem e com menos experiência de voo para ocupar seu lugar, Troadec afirmou que, normalmente, é o piloto em função (que estava à direita) que ocupa o lugar do comandante quando esse decide descansar. No caso do AF 447, era o mais jovem.
Essa escolha, pessoal do piloto, é feita antes da decolagem. Segundo Troadec, a escolha do piloto era um procedimento normal, não havia nada de irregular.
“Não são os mais experientes que têm mais competência. Tudo estava dentro do regulamento”, afirmou o diretor do BEA.
Relatório com recomendações
Apesar de confirmar que o congelamento das sondas Pitot, que medem a velocidade do avião, iniciaram o acidente, o terceiro relatório do BEA deu destaque às falhas humanas.
Apesar de confirmar que o congelamento das sondas Pitot, que medem a velocidade do avião, iniciaram o acidente, o terceiro relatório do BEA deu destaque às falhas humanas.
Segundo os dados retirados das caixas-pretas do avião, uma seqüência de erros dos pilotos, após a desativação do piloto automático, teria causado o acidente que deixou 228 mortos em maio do ano passado. Segundo o relatório os pilotos não fizeram referência, em nenhum momento, à situação de estol (perda de sustentação do avião), o que indica que eles não sentiram que o avião estava caindo.
O relatório do BEA também trouxe novas recomendações de segurança. Uma delas fala sobre o treinamento dos pilotos em sistema manual.
Troadec disse que os pilotos do AF 447 não tinham recebido um treinamento para agir em caso de estol e incoerência nos dados sobre velociade em grande altitude. Eles tinham sido treinados somente em baixa altitude, segundo Troadec.
Outra recomendação feita às autoridades regulamentadoras é a imposição da instalação a bordo dos aviões que realizam transporte público de passageiros de registradores de imagem que permitam visualizar o conjunto do painel de bordo.
“Se tivéssemos essas imagens, do que os pilotos viram, seria mais fácil entender porque os pilotos desviaram sua rota”, disse Alain Bouillard, diretor da investigação.
O relatório final do acidente deve sair "provavelmente" no primeiro semestre de 2012, disse Troadec. "Todos os dados obtidos exigem uma análise mais sistemática que demanda muito tempo", disse.
Os representantes das associações de parentes das vítimas presentes na entrevista se declararam insatisfeitos com o que chamaram uma mudança de rumo tomada pelo BEA, que inicialmente responsabilizava problemas técnicos pelo acidente, e agora fala em provável falha humana.