Assistente pessoal de Michael Jackson lembra cantor


O assistente pessoal do cantor Michael Jackson, Michael Williams, é a terceira testemunha a depor no segundo dia do julgamento do médico Conrad Murray pela morte do cantor, nesta quarta-feira (28), em Los Angeles.
Murray é acusado de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e pode pegar quatro anos de prisão se condenado.
Em depoimento, Williams deu detalhes sobre o esquema de segurança utilizado no dia a dia do cantor e sobre sua rotina de ensaios. Foram mostradas fotos do interior da casa de Michael Jackson. "Ele gostava de sua privacidade, e eu respeitava", contou o assistente.
Williams falou sobre o dia da morte do cantor, em que recebeu uma ligação de Conrad Murray dizendo: "Por favor, me liga já". Ele contou ainda que, ao telefone, o médico disse que Jackson tinha tido uma "reação ruim", mas não chegou a pedir que o assistente chamasse uma ambulância.
Ele também lembrou a noite anterior à morte de Jackson, em que o cantor ensaiou seu espetáculo. "Ele estava incrível e em ótimo humor", afirmou o assistente, acrescentando que o cantor não reclamou de dores em nenhum momento da noite.
A audiência começou por volta das 13h desta quarta-feira com o depoimento do produtor Paul Gongaware, responsável pela turnê "This is it", com a qual Michael Jackson voltaria aos palcos em 2009. Gongaware finalizou seu, que havia sido iniciado no fim da tarde de terça-feira (27), mas foi interrompido por conta do horário.
A advogada Kathy Jorrie, que trabalhou no processo de contratação do médico pelo cantor, foi a segunda testemunha a depor no segundo dia do julgamento. Em depoimento, a advogada contou que o médico pediu para incluir no contrato a compra de um desfibrilador cardíaco e outros equipamentos normalmente usados por paramédicos, além de um médico assistente. "Ele disse que precisava desses equipamentos para garantir a saúde de Michael Jackson", afirmou Jorrie. Ela também contou que o contrato previa um pagamento mensal de US$ 150 mil pelos serviços médicos de Murray.
O primeiro dia do julgamento do médico Conrad Murray foi encerrado por volta das 20h15 (horário de Brasília), no Tribunal Superior de Los Angeles, nos Estados Unidos. Ao suspender a corte, o juiz Michael Pastor orientou os jurados a não dar entrevistas, não conversar sobre o julgamento e evitar o Facebook e o Twitter, além de não usar a internet, não visitar qualquer site nem usar o Google.
O julgamento começou por volta das 13h (9h, no horário local) desta terça e pode se estender até o fim de outubro. O médico Conrad Murray é acusado de homicídio culposo, sem intenção de matar. Michael Jackson morreu aos 50 anos após uma parada cardíaca há cerca de dois anos. Antes de morrer, ele ingeriu uma grande quantidade de analgésicos.
O promotor David Walgren abriu este primeiro dia de julgamento mostrando aos jurados uma série de imagens de Michael Jackson, entre elas, uma em que o astro está no hospital, já morto.
"O que aconteceu durante esse período foi que os atos e omissões do médico pessoal de Jackson causaram diretamente sua morte prematura", disse o promotor. "A confiança em Murray custou ao cantor sua própria vida", completou.
O advogado Ed Chernoff, que defende o médico, diz que Michael Jackson causou a sua própria morte "ao tomar o remédio enquanto o médico estava fora do quarto". Segundo Chernoff, "ele [Jackson] fez algo sem o conhecimento do seu médico, sem a permissão do médico, contra as suas ordens. Ele fez um movimento que causou sua própria morte".
Acusação e defesa fizeram suas considerações neste primeiro dia de julgamento. Antes de começar a ouvir as testemunhas, o juiz Michael Pastor afirmou que nenhuma das duas explanações - de defesa e acusação - valiam como prova e que essas evidências começariam a partir daquele momento, com o depoimento das testemunhas.
Testemunhas
Duas testemunhas foram interrogadas nesta terça-feira. A primeira delas foi o coreógrafo e produtor Kenneth John Ortega, conhecido como Kenny Ortega. Responsável pela turnê “This is it”, de Michael Jackson, o coreógrafo relembrou os últimos momentos com o "Rei do Pop".
"Eu senti que ele [Michael] não estava bem. Ele tinha perdido peso", disse Ortega, sobre as sucessivas faltas de Jackson aos ensaios. "Havia algo errado", disse o produtor, em outro ponto do depoimento.
"Levou um tempo para eu voltar a sentir os meus pés no chão", afirmou Ortega sobre o momento em que recebeu a notícia da morte de Michael Jackson. "Eu reuni todo o grupo [que ensaiava naquele momento], todos se sentaram e eu contei sobre a morte [do cantor]", descreveu.
A segunda e última testemunha a ser ouvida neste primeiro dia foi o produtor Paul Gongaware, que trabalhou com Michael Jackson na promoção da turnê "This is it" em Londres.
Questionado sobre o que achava do acompanhamento do médico Conrad Murray durante a turnê que Michael Jackson faria em Londres, o produtor Paul Gongaware afirmou que preferia o acompanhamento de um médico de Londres, que tivesse a licença local para trabalhar.
Paul Gongaware disse que a resposta do astro foi, apontando para si mesmo: "Isto é uma máquina e tenho que tomar conta da máquina", ao justificar a preferência pelo médico pessoal. A licença médica para Conray atuar em Londres continuou sendo discutida entre acusação e testemunha. Segundo Gongaware, o médico pessoal de Jackson disse que "cuidaria disso", referindo-se à licença para atuar em Londres. A defesa não chegou a interrogar o produtor Paul Gongaware na terça.
Entre as testemunhas convocadas no caso devem estar ainda os paramédicos que levaram Jackson ao hospital, especialistas médicos e namoradas de Murray.
O célebre advogado Mark Geragos, que no passado advogou para o cantor, disse que Paris Jackson, de 13 anos, filha do astro, também pode ser intimada a depor. "Ela não só tem coisas a dizer, como pode dizer de forma convincente", disse Geragos à Reuters. A menina estava na mansão no momento em que o cantor parou de respirar.
FamíliaOs pais de Jackson, suas irmãs Janet e La Toya e outros familiares acompanham o julgamento, que pode se estender até o final de outubro, com transmissão ao vivo pela TV. Se considerado culpado pelo júri, Murray pode ser condenado a quatro anos de prisão.