"Justiça só isso "


O jovem Vitor Alcântara de Oliveira, de 16 anos, ferido no acidente em um parque de diversões de Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, morreu na tarde desta terça-feira (16). Ele estava internado em estado gravíssimo no Hospital municipal Miguel Couto, no Leblon, na Zona Sul da cidade. As informações são da Secretaria municipal de Saúde.
O acidente aconteceu na madrugada de domingo (14) e já tinha deixado uma jovem morta, além de outras sete pessoas feridas, de acordo com a Secretaria.
Ainda de acordo com a Secretaria, Daiane Mesquita, de 17, outra jovem também ferida no acidente permanece internada no mesmo hospital em estado gravíssimo. Ela está no Centro de Tratamento Intensivo (CTI), com traumatismo craniano.
Já a jovem Francine Januário Santana, de 20 anos, sofreu uma fratura na mandíbula e também está internada no Hospital Miguel Couto. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, seu quadro é estável, mas não há previsão de alta.
O acidente ocorreu durante uma festa agostina - uma celebração de São João no mês de agosto. De acordo com a polícia, por volta das 3h, um carrinho do brinquedo chamado "tufão" se soltou e caiu do alto, atingindo várias pessoas que estavam numa fila. Alessandra da Silva Aguilar, de 17 anos, ainda segundo os agentes, morreu no local.
Depoimentos na delegacia
Mãe e filha ferida em parque chegam à delegaciaA delegada Adriana Belém da 42ª DP (Recreio) informou, na tarde desta terça-feira, que a dona do parque e o filho chegaram com um advogado ao local e afirmaram que só vão responder em juízo. Segundo a delegada, os dois foram indiciados por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Um terceiro sócio do parque também está na delegacia para prestar depoimento.
Bombeiros e funcionários da prefeitura também prestam depoimento, além de representantes da associação de moradores de Vargem Grande, segundo Adriana Belém.
Também prestou depoimento a jovem Pamela Beatriz Pereira, ferida no acidente, que foi à delegacia acompanhada da família. Com muitas lesões na face, ela não quis falar com a imprensa.
Mãe de jovem que morreu no domingo critica parque
"Aquilo não era um parque, era um depósito de ferro. Eles (dona do parque e filho) têm de pagar por isso. Ficarei mais satisfeita quando ela e o filho estiverem atrás das grades. O engenheiro também tem de pagar por isso. Como é que ele assina um coisa que não viu? Isso levou a vida do meu bebê que não vai voltar mais", desabafou Adriana Barreto, mãe de Alessandra Aguilar que morreu no domingo após ser atingida por brinquedo que se desprendeu.
Ela deixou a 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes), onde foi conversar com a delegada Adriana Belém. A mãe da vítima disse que ficou satisfeita de ver que a polícia está empenhada na investigação do caso.
'Quando acordei, já estava todo mundo no chão', diz vítima.
Uma das vítimas do acidente foi à 42ª DP (Recreio) com a mãe para prestar depoimento. Ana Gabrielle Van Bellen, de 17 anos, disse que estava com um grupo de amigos, inclusive a Alessandra Aguilar que morreu.
Ela contou que o grupo já tinha andado no brinquedo tufão que se desprendeu causando o acidente. Os jovens estavam decidindo se iriam andar novamente no brinquedo quando ela falou que foi atingida.
"Quando acordei, já estava todo mundo no chão. Não sei muito bem o que aconteceu", disse Ana, que levou 12 pontos na cabeça.
Morte de funcionário em parque
Policiais da 42ª DP (Recreio) informaram, nesta terça-feira, que o funcionário Diogo Melo de Paiva, de 23 anos, que trabalhava no parque de diversões, em junho deste ano, morreu em um acidente causado por um brinquedo chamado surfe. O parque estava em Paty do Alferes, na Região Centro Sul Fluminense, durante a Feira do Tomate.
De acordo com a delegada Adriana Belém, também houve outros caso de acidente no ano passado. “Já descobri, inclusive, a ocorrência de um homicídio culposo, em 2006, além de vários procedimentos de lesão corporal por acidentes ocorridos neste mesmo parque”, disse a delegada.
Em 2006, o parque ficava no bairro da Abolição, no subúrbio do Rio, e um adolescente, chamado Róbson da Costa, de 14 anos, morreu. Outras duas crianças ficaram feridas, em 2008. “Com a constatação de que não havia a menor possibilidade de este parque estar funcionando, vamos mudar a tipificação”, afirmou a delegada, reiterando que vai mudar a tipificação do crime de homicídio culposo para homicídio doloso.
Engenheiro indiciado por falsidade ideológica
A delegada confirmou ainda que o engenheiro que deu a autorização para o parque funcionar e disse que não andaria nos brinquedos nem permitiria que seus parentes andassem já está indiciado por falsidade ideológica.
"Ele deu declarações em documento público que não corresponde à verdade. O parque não tem condições de funcionar", explicou Adriana, informando que se condenado na Justiça, o engenheiro pode cumprir pena de 1 a 5 anos de detenção.