Documentos revelam como concorrência no transporte fretado era fraudada


São 25 páginas em que João Henrique Golçalves Poppi, proprietário da Expresso Poppi Ltda, conta como foi pressionado pela suposta quadrilha, desde o dia em que começou a participar de licitações para o transporte coletivo fretado na Unicamp. Segundo ele, foi o próprio diretor de Transportes da universidade, que fez o convite, em 2006, se dizendo vítima de um cartel.
As empresas filiadas ao Sindicato das Empresas de Fretamento (Sinfrecar) combinariam os valores apresentados nas concorrências e com isso, os contratos ficavam com valores cada vez mais caros. Entre as empresas, a Capellini e a Exclusiva. Os donos da Exclusiva, José Brigeiro Júnior e Ariovaldo Marta, da Capellini, foram presos na operação da semana passada.
No depoimento aos promotores, João Henrique Poppi ainda conta ter sofrido ameaças desde que passou a disputar linhas da Unicamp. Em uma ocasião teria sido chamado a garagem da Rápido Luxo, por Belarmino Júnior, também preso sexta-feira. João Henrique teve medo e o padrinho dele se propôs a ir ao encontro. Lá, Belarmino teria exigido que o expresso Poppi desistisse dos serviços prestados à Unicamp.
O padrinho de João Henrique não cedeu à pressão. Depois disso, segundo ele, a Expresso Poppi passou a ter dificuldades no mercado. Fornecedores e até bancos restringiram crédito e aumentaram valores.
Mas as denúncias do empresário que teria recusado a participar do esquema fraudulento vão além. O grupo chefiado por Belarmino Júnior, dono de império de transporte, teria a colaboração de funcionários da Unicamp e até da Emdec ( Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas).