Sarkozy vai à Líbia e dá início a negociação com governo


O Reino Unido está liberando mais 600 milhões de libras esterlinas (mais de R$ 1,6 bilhão) em fundos da Líbia, disse nesta quinta-feira (15) um porta-voz do premiê David Cameron.
"Estamos descongelando os fundos", disse o porta-voz.
"Eles precisam fazer coisas como pagar os trabalhadores do setor público e os policiais."
Cerca de 12 bilhões de libras (US$ 19 bilhões, 13,745 bilhões de euros) de ativos líbios foram congelados no âmbito das sanções impostas em fevereiro e março pelas Nações Unidas contra o regime do ex-líder líbio Muammar Kadhafi.
O CNT, que reúne as novas autoridades líbias, pediu recentemente uma ajuda de urgência de US$ 5 bilhões.
No dia 1 de setembro, no fim da Conferência de Amigos da Líbia em Paris, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou o desbloqueio imediato de US$ 15 bilhões de bens congelados de Kadhafi.
O anúncio foi feito na ocasião em que Cameron chega a Trípoli, capital da Líbia, sob forte esquema de segurança, ao lado do presidente da França, Nicolas Sarkozy, para negociar com os líderes do novo regime, que derrubaram o coronel Muammar Kadhafi há três semanas.
Os britânicos também devem ajudar o novo regime líbio a lidar com os estoques de armas químicas e com as minas deixadas por Kadhafi.
Sem ajuste de contas
Em entrevista conjunta com Cameron em Trípoli, Sarkozy pediu que não haja "vingança" nem "ajustes de contas" na Líbia entre as facções pró e anti-Kadhafi. Ele também apelou a países que receberam membros do antigo regime que os entreguem à Justiça internacional.
"O senhor Kadhafi deve ser preso e todos aqueles que são acusados (de crimes) sob jurisdição internacional devem ser responsabilizados pelo que fizeram", disse Sarkozy, em discurso na capital líbia.
Cameron, por sua vez, prometeu que a Grã-Bretanha ajudaria a perseguir e capturar Kadhafi. 'Isso ainda não acabou', disse ele em coletiva de imprensa na capital líbia. 'Ajudaremos vocês a encontrar Kadhafi e trazê-lo à justiça.'
Sarkozy e Cameron visitarão Benghazi, berço da revolução que derrubou Kadhafi, ainda nesta quinta-feira.
"Estamos prontos para ajudar, mas queremos saber o que é que vocês mais querem fazer", disse Cameron. "Esse é o momento em que a primavera árabe poderia se tornar um verão árabe e veremos a democracia avançar em outros países também."
Sarkozy e Cameron, que assumiram a responsabilidade por liderar a campanha da Otan, no qual os Estados Unidos assumiram um papel secundário, foram recebidos no avião com sorrisos e cumprimentados pelos dois líderes da fragmentada coalizão anti-Kadhafi.
Os líderes europeus, acompanhados de seus ministros de Relações Exteriores, foram recebidos com aplausos do público durante visita a um hospital em Trípoli -- indicando a popularidade de sua intervenção após 42 anos do governo de Kadhafi na Líbia.

O ex-líder líbio continua foragido e prometeu lutar de volta.