Delegação brasileira irá ao Pan de Guadalajara vestida de 'Ipanema'


Enfrentar uma arquibancada lotada ou a pressão dos adversários é fácil. Complicado mesmo para eles é encarar uma passarela, uma plateia silenciosa,as lentes das câmeras de TV e dos fotógrafos. Nesta sexta-feira, na sede do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), alguns atletas brasileiros tiveram dia de modelo e apresentaram os uniformes - de desfile, Vila, competição e pódio - que usarão nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. O da cerimônia de abertura, assinado por Oskar Metsavaht, estilista criador da Osklen, tem como inspiração o calçadão da Praia de Ipanema. A competição será disputada de 14 a 30 de outubro.
- O grafismo da calçada de Ipanema representa o Brasil novo, contemporâneo. Queria fazer de forma elegante e despojada. Representa nossa diversidade de raças, étnicas. É a praia no esporte, nas festas - explicou Oskar.
 

A líbero Fabi fez duas entradas na passarela e adotou o bom humor para disfarçar o nervosismo. Coisa que Sheilla não conseguiu esconder. Mas as campeãs olímpicas do vôlei passaram bem pelo desafio. E encontraram nos bastidores uma situação semelhante ao do dia a dia nas quadras.
- Vida de modelo não é mole. Fica todo mundo te olhando em silêncio... Lá atrás tinha um cara que gritava para que a gente trocasse de roupa rapidamente. Eu brinquei. Disse: "Calma aí, que eu vou chamar o Bernardinho e o Zé Roberto para te darem uma ajuda" - ri Fabi.
Se o tênis não era do tamanho correto, ela empurrava o menor para Bárbara Leôncio. Ao lado da jovem velocista, Fabi foi responsável pelos momentos descontraídos da apresentação. Não quis nem saber de vestir outro agasalho que não fosse o amarelo, aquele que será usado durante as cerimônias de premiação.

- Ah, pedi para usar mesmo! Gostei de todos. Os uniformes do Brasil são sempre os mais procurados para troca em competições como Pan e Olimpíadas. Mas os agasalhos eu guardo. Não sei se vou poder vestir o do desfile porque sempre jogamos no primeiro dia de competição, mas achei bacana. Esse foi meu terceiro desfile. Foi ótimo como atleta. Estou com 31 anos, mas vai que as portas se abrem - diverte-se.
Cesar Castro, dos saltos ornamentais, também fez sua parte. Mas perto de Fabi ele é praticamente um veterano. Já desfilou no Brasília Fashion Week para uma grife de roupas esportivas e não teve tanta dificuldade para enfrentar o auditório do COB ao som de "Garota de Ipanema".
 
- Os uniformes estão bonitos, mas o que vale para nós é que sejam confortáveis. A gente fica meio sem graça durante o desfile, não é nossa praia, mas é legal sair da nossa rotina. Acho que vai ficar bem bonito o visual da delegação brasileira na abertura por causa das três cores de camisa. Normalmente o desfile é dividido entre homens e mulheres e não por cores - disse o saltador.
No total, 66 mil peças foram produzidas em dois meses - 1.200 funcionários estiveram envolvidos no processo - para vestir a equipe nacional, que contará em Guadalajara com 815 integrantes, sendo 524 atletas. O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, elogiou a linha da OLK e o uniforme desenvolvido por Oskar Metsavaht .
- A camisa vira um estímulo para o atleta e se impõe perante o adversário. As pessoas veem as praias como simbolismo do Brasil e gostei muito da maneira como o Oskar explicou o processo para chegar a esse uniforme - afirmou o dirigente, que na próxima semana irá a Londres para uma visita ao Parque Olímpico.