Após morte, Ministério do Trabalho embarga obra da Prefeitura


O Ministério do Trabalho e Emprego (MET) embargou a obra da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Ponte do Caixão, da Prefeitura de Piracicaba, onde morreu um operário na última terça-feira (13) prensado por uma tubulação. Um auditor do Ministério identificou 42 irregularidades no local, que acarretavam em “riscos graves iminentes” para os trabalhadores.

Segundo o gerente do MET em Piracicaba,  Antenor Varolla, entre as situações de risco apontadas pelo auditor que esteve no local estão: equipamento de segurança individual inadequado, andaimes sem escadas de acesso ao piso e sem apoio em estrutura fixa, falta de rampas e escadas nas escavações para saída rápida dos trabalhadores, fiação elétrica desencapada espalhada pelo canteiro, caixas de fonte de energia abertas, além da desorganização e entulhos espalhados pelo local.
Nesta sexta-feira, as obras, que de acordo com a prefeitura devem dobrar a capacidade de tratamento de esgoto na cidade e receberam R$ 31,5 milhões de investimento, já estavam paradas em decorrência do auto de embargo expedido pelo MET. O Ministério determinou que os trabalhadores só voltem à ativa quando todas as irregularidades forem corrigidas. Além do embargo, o consórcio contratado pelo Serviço Municipal de Água e Esgoto, COM Engenharia/Cesb, será multado e, segundo Varolla, o valor da autuação pode chegar a R$ 150 mil.

O acidente
Na ocasião do acidente com o servente de pedreiro Francisco Machado Gregório, de 34 anos, o EP Piracicaba teve acesso à obra e conversou com outros operários que denunciaram as condições do alojamento e também da falta de segurança no canteiro de obras. Muitos deles afirmaram também que Gregório realizava trabalho que fogia a sua alçada no momento do acidente. Contratado como ajudante de pedreiro, ele estaria trabalhando como encanador, função cujo salário é duas vezes mais alto que o da vítima.
Um dos funcionários do consórcio mostrou à reportagem os incontáveis pregos espalhados pelo local e lembrou que só no último mês foi parar no pronto atendimento três vezes após se espetar. Um segundo operário exibiu os sapatos de proteção furados.

Outro lado
Uma equipe da EPTV esteve no local da obra na tarde desta sexta-feira (16), mas não encontrou ninguém para comentar o embargo. No dia do acidente, a reportagem esteve com o gerente da obra do COM Engenharia/Cesb, Maickel Machado, que disse que a empresa só se comunicaria com a imprensa pelo telefone da obra, que até as 18h desta sexta não atendia.
Na ocasião, Maickel negou as irregularidades apontadas pelos trabalhadores e classificou o acidente como um “fatalidade”.
O Semae, por meio da assessoria de imprensa, informou apenas que ainda não foi oficialmente notificado sobre o embargo das obras. O serviço também não informou se vai romper com o consórcio nem o que será feito para que a ETE, que já estava com os trabalhados de construção atrasados por conta das chuvas do ano passado, seja entregue no prazo. A previsão era que a estação ficasse pronta em dezembro deste ano.