Futuro político de Dr. Hélio começa a ser decidido nesta 5ª


O futuro do governo de Hélio de Oliveira Santos (PDT) em Campinas, e particularmente do prefeito, começa a ser definido às 9h desta quinta-feira (18), quando será aberta a sessão especial na Câmara para votar o impeachment. Dois anos e meio após ser empossado para o segundo mandato consecutivo, com o aval de 67% dos eleitores, o prefeito vai ao “banco dos réus” no Legislativo. A Comissão Processante (CP) concluiu que a rede de corrupção e desmandos que envolveram o núcleo forte do poder municipal compromete, sim, Dr. Hélio, que será julgado por omissão.
“Ele não agiu antes”, analisa o cientista político Valeriano Costa, da Unicamp, ao comentar o porquê de um prefeito com a aprovação que tinha Dr. Hélio, na casa dos 70%, chegar a esse ponto no governo. Para o cientista, o erro do prefeito foi desacreditar nas investigações do Ministério Público, que deram sustentação ao relatório de 1.649 páginas da CP e que terá de ser lido na íntegra antes do voto dos vereadores, previsto para domingo (21). Veja abaixo o cronograma da sessão.
“A gente foi surpreendido. Nem a oposição, nem o parlamento, nem a oposição esperava isso”, diz Costa. “É difícil acreditar que ele (o prefeito) seja totalmente inocente. Se é, demorou para reagir”, avalia o cientista da Unicamp. A demora na reação e o aumento das desconfianças pela população minaram o governo e a popularidade do prefeito, que em menos de dois meses perdeu cinco secretários: três investigados pelos MP e dois que se anteciparam e pediram para deixar o governo.
Vai ser cassado?
A pergunta que vai durar até a votação nominal dos vereadores é se o prefeito sai ou fica. A pressão popular será decisiva e os vereadores, nas vésperas das eleições, tendem a atender a voz do voto. A base de sustentação de Dr. Hélio caiu de 23 para 16 após o escândalo e a aprovação do pedido de impeachment, no fim de maio, mostrou que a ala dos dissidentes ode ser ainda maior: a proposta passou com o aval de 32 dos 33 vereadores.
“Passa com 24 votos”, disse ao EP Campinas um dos vereadores da oposição, referindo-se aos 22 votos necessários para a cassação. “Vai haver uma forte crítica em relação aos vereadores (que votarem contra). Não sei se eles têm estrutura para isso”, diz o cientista política.
“Em nenhum momento a comissão processante pendeu para o lado da oposição ou do lado do governo”, discursou o presidente da CP, Rafa Zimbaldi (PP) na sessão desta quarta-feira (17). Ele lembrou do amplo direito de defesa dado ao prefeito durante o processo, como no dia 29 de junho,quando Dr. Hélio foi à Câmara falar aos vereadores da CP.
Sem precedente
Cassado ou não, Dr. Hélio protagoniza um momento político sem precedente na história recente de Campinas. Ele é sétimo prefeito da cidade desde a redemocratização do país, em 1984. Dos dois mandatos interrompidos desde então, um foi o de José Roberto Magalhães Teixeira, que morreu de câncer em 1996, no último ano de sua segunda gestão como chefe do Executivo. O outro foi Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, assassinado em setembro de 2001, mesmo ano em que assumiu a prefeitura.
Dr. Hélio administra hoje a maior cidade do interior paulista. Campinas tem uma população de 1,080 milhão de habitantes e um orçamento de 2,7 bilhões. A importância do cargo que ocupa é proporcional ao destaque político da metrópole no cenário nacional. Tanto que presidiu o comitê suprapartidário de prefeitos que apoiaram a campanha de Dilma Rousseff rumo à Presidência da República.